sábado, 22 de janeiro de 2011

O FC Porto no feminino: um tributo

O texto que hoje vos trago talvez fizesse mais sentido a 8 de Março, internacionalmente consagrado como o Dia da Mulher. Mas não sou grande partidária desse mau hábito que por vezes temos de esperar por datas ou alturas especiais para dizer ou fazer coisas que poderíamos e deveríamos dizer e fazer espontaneamente, em qualquer dia que nos apeteça. Por isso, apesar de hoje não ser 8 de Março, vou celebrar a contribuição feminina no Futebol Clube do Porto. Curiosamente, fiquei agora a saber pela Wikipédia que hoje, 19 de Novembro, é nada menos que o Dia Internacional do Homem, o que fica registado como uma interessante e improvável ironia. Meninas, toca a celebrar o dia fazendo o jantarinho para as vossas caras-metades ;)

Também não sou partidária de guerras dos sexos e da prática infelizmente comum de traçar uma linha entre mulheres e homens, valorizando a elas mais do que a eles pelo facto das suas vitórias, grandes ou pequenas, serem reflexo de séculos de luta por uma emancipação que, mesmo na nossa sociedade ocidental, ainda tem arestas por limar (a piadinha sobre o jantar no parágrafo acima é a expressão de uma dessas arestas). Para mim uma pessoa é uma pessoa, independentemente do género. Mas num mundo ainda tão reticente em acolher as mulheres como é o do desporto, a participação do género feminino no FC Porto tem tão pouca repercussão mediática que até parece que não está lá. Mas está, e sem ela o clube não seria o mesmo.

As minhas desculpas por esta longa e tediosa introdução, com a qual a minha parte mais racional sentiu a necessidade de vos aborrecer para justificar o porquê deste meu tributo ao FC Porto "no feminino", quando nunca fiz um tributo ao FC Porto "no masculino". O mote para hoje foi um artigo que me chegou recentemente à caixa de correio electrónico, pela mão do Tiago Araújo, e que me surpreendeu. Da autoria de Nelson Alves, do site mundook.net, o texto fala de uma equipa feminina de hóquei em patins, que existiu no FC Porto de 1986 a 1988, e de cuja existência eu não fazia a menor ideia e muito menos tinha a menor recordação. Alguém se lembra?

Diz o artigo que "a introdução definitiva da variante feminina do hóquei em patins em Portugal começou em 1985, quando várias jovens (praticantes de patinagem artística) decidiram experimentar jogar hóquei em patins. Foram criadas duas equipas: Associação Académica de Espinho e Futebol Clube do Porto. Com muitas dificuldades, pois não eram reconhecidas pela FPP, não tinham patrocínios nem jogos oficiais, estas equipas acabaram passados poucos anos, por razões… fúteis." Sobre o FC Porto, diz-se que o projecto foi "incentivado por Cortez Ferreira e Paulo Castanheira, com 'Joel' [José Pinto] como treinador. À falta de adversários e motivação das atletas, juntou-se o facto de o clube ter deixado de ceder o pavilhão para os treinos devido às exigências de Tomislav Ivic, que queria que o plantel profissional treinasse num recinto coberto nos dias de chuva." Após informar sobre o destino de parte das atletas, que, "lideradas por Cristina Luísa (treinadora) e apoiadas pelo dirigente Isaac de Sousa, fundaram alguns meses depois a equipa do Centro Paroquial e Social de Alfena, que começou a disputar jogos amigáveis com equipas de juniores e juvenis masculinos" e do treinador, que "funda a equipa feminina da Casa do Povo de Vila Boa do Bispo (Marco de Canaveses)", o artigo fecha com uma pergunta dirigida a nós: "Com o fim da Fundação Nortecoope, e numa altura em que se tem de apostar na formação de novas hoquistas, que se poderiam inspirar nas equipas masculinas para levar bem alto o nome do Futebol Clube do Porto, o que achariam os adeptos portistas da criação de uma equipa feminina, vinte anos depois das pioneiras?"

Este post foi-me enviado e escrito por Maria João.

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande post!