sábado, 10 de janeiro de 2009

F.C.Porto 2-1 V. Setúbal . Exibição que devia ser vista mais vezes



assistência: 12.219 espectadores.

árbitros: Artur Soares Dias (Porto), Rui Licínio e João Silva; Vasco Santos.

FC PORTO: Ventura; Sapunaru, Stepanov, Pedro Emanuel «cap» e Benítez; Tomás Costa, Pele e Guarin; Candeias, Farias e Mariano.
Substituições: Candeias por Rabiola (67m), Tomás Costa por Diogo Viana (73m) e Mariano por Josué (87m).
Não utilizados: Nuno, Ivo Pinto, Dias e Sérgio Oliveira.
Treinador: Jesualdo Ferreira.

V. SETÚBAL: Bruno Vale, Janício, Robson, Auri e Cissokho; Ricardo Chaves; Elias, Sandro «cap» e Bruno Ribeiro; Leandro Lima e Leandro Branco.
Substituições: Sandro por Bruno Gama (46m), Bruno Ribeiro por Mateus (78m) e Leandro Branco por Carrijo (81m).
Não utilizados: Pedro Alves, Laionel, André Marques e Anderson.
Treinador: Daúto Faquirá.

disciplina: cartão amarelo a Robson (71m), Sapunaru (74m) e Guarin (85m).

golos: Farias (31m), Leandro Lima (g.p., 61m) e Rabiola (77m).
Num jogo de fraca qualidade e debaixo de um frio glacial, vitória merecida do FC Porto diante, convém não esquecer, do actual detentor da Taça da Liga. Jesualdo Ferreira havia dado o mote com a convocatória efectuada: a Carlsberg Cup fica para segundo plano e não beliscará em nada os principais objectivos da temporada. A rotatividade foi completa e apenas Pedro Emanuel manteve o lugar no onze, relativamente ao jogo contra o Nacional. Opção compreensível, mas discutível, pois uma competição oficial deve ser sempre encarada para ganhar. Pelo contrário, os sadinos, ávidos de esquecer o desaire caseiro para a liga portuguesa, chegaram ao Dragão na sua máxima força e com a responsabilidade de serem os titulares do troféu.

Face à ausência dos principais nomes portistas, a equipa inicial acabou por ser a esperada, talvez exceptuando a inclusão do jovem guardião Ventura, em detrimento de Nuno. Esta constituía uma bela oportunidade para alguns elementos menos utilizados mostrarem serviço e credenciais para poderem jogar num clube como o FC Porto. Teoricamente seria assim, embora todos saibamos que na prática é muito mais complicado um jogador sobressair num conjunto sem qualquer mecanização e entrosamento.

O jogo começou lento, muito lento. Até sensivelmente aos 20 minutos, assistiu-se a um FC Porto instalado no meio-campo adversário, mas a jogar a passo, sem ideias e sem levar qualquer perigo à baliza de Bruno Vale. O Setúbal, pouco afoito ofensivamente nesta fase, preocupou-se sobretudo em cortar espaços e em pressionar os médios portistas, de modo a não deixá-los tomar conta do jogo e obrigando o FC Porto a sair através dos seus laterais. Chegou a ser confrangedora a passividade do meio-campo portista, especialmente de Pelé e Tomás Costa, já que Guarín tentou sair do marasmo do sector intermédio, embora nem sempre da melhor forma.

Na frente, Mariano perdia quase todas as bolas de que dispunha, Candeias esteve completamente ausente do jogo e Farías, sempre naquele estilo molengão, revelava-se pouco menos que inconsequente.

O Setúbal começou então a subir um pouco mais no relvado e a assumir as responsabilidades de quem jogava com as suas primeiras opções. Leandro Branco dispôs mesmo da primeira grande oportunidade do jogo, cabeceando para excelente defesa de Ventura, após cruzamento perfeito de Cissokho, o tal que muita imprensa deu como estando nas cogitações do nosso clube. Este lance teve o condão de agitar a partida e Mariano, após um bom lace individual, pôs à prova os reflexos de Bruno Vale.

E se o guardião sadino havia respondido bem no lance anterior, o mesmo não se poderá dizer a seguir. Depois de um cruzamento da esquerda de Benítez, deixa a bola escapar por entre as mãos, convidando Farías a encostar para o 1-0. Um valente 'frango' que permitiu ao FC Porto abrir o marcador e reforçou o apoio proveniente das bancadas, que, diga-se, nunca faltou, mesmo nos momentos de maior sonolência dentro das quatro linhas. Veio o intervalo e em boa hora, pois a primeira metade não deixara saudades de maior.

No segundo tempo, o espectáculo, sem deixar de ser fraquinho, subiu uns degraus em termos de competitividade e emoção. Já depois de Farías ter falhado um golo de forma patética e de Ventura ter proporcionado, com um passe errado, uma jogada de perigo a Leandro Lima, Sapunaru, desastrado, como quase sempre, resolve devolver o brinde do 1-0 e comete um penalty escusado. A falta existe e a penalidade é bem assinalada, no entanto, era bom que estas leves infracções, digamos assim, começassem a ser sancionadas em todos os estádios, quer fora, quer dentro da área. Leandro Lima, esse mesmo que passou pelo FC Porto totalmente despercebido, aproveitou para restabelecer a igualdade.

O FC Porto demorou a reagir e Jesualdo fez entrar os putos Rabiola e Diogo Viana, para os lugares dos inexistentes Candeias e Tomás Costa, respectivamente. Mariano e Pelé tentaram de livre, mas seriam os dois novatos a trazer de volta a alegria ao Dragão, por volta dos 77 minutos: magnífico cruzamento do irrequieto Viana e Rabiola, pleno de oportunidade, a cabecear para o golo vitorioso.

O FC Porto continuou senhor do jogo, embora o Setúbal criasse também alguns embaraços pelas subidas de Bruno Gama, pela direita, e Cissokho, pela esquerda. Foi numa dessas investidas que Artur Soares Dias voltou a marcar uma grande penalidade a favor dos setubalenses. O lance é duvidoso e confesso que, pelas imagens televisivas, não consegui descortinar com absoluta certeza se a bola vai ao braço de Guarín, antes de lhe embater no peito. Saliente-se, porém, a prontidão e presteza com que o homem do apito assinalou dois penalties contra o FC Porto. Fossem todos assim destemidos e talvez a crise continuasse a pairar sobre certas paragens. Leandrinho, talvez ainda em estado de euforia por tamanha benesse, desconcentrou-se e falhou o 2-2.

O final da partida chegou, logo após Stepanov ter visto um defesa sadino tirar-lhe um golo feito mesmo em cima da linha de baliza. Uma vitória importante, premiando a aposta arrojada de Jesualdo Ferreira de fazer descansar a quase totalidade dos titulares, embora a falta de mecanização colectiva tenha sido visível ao longo de toda a contenda.

Melhor em campo: Mariano González. Perdeu algumas bolas de forma infantil e continua a revelar uma estranha ansiedade, que lhe tolda o raciocínio, mas foi, na minha opinião, o MVP da partida. Sempre inconformado, foi dos que mais correu, nunca virando a cara a luta, mesmo quando as jogadas não lhe corriam de feição. Além disso, teve três remates perigosos (um dos quais num magnífico livre directo que tirou tinta ao poste da baliza sadina), sendo igualmente de enfatizar um cruzamento teleguiado para a cabeça do inerte Farías. Gostei ainda de Rabiola, pelo golo, assim como da irreverência que Diogo Viana veio transmitir ao ataque. Não gostei de Sapunaru, Pelé, Tomás Costa e Candeias, sem iniciativa e alheados do jogo. Os restantes cumpriram.

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