quarta-feira, 2 de julho de 2008

O FC Porto está com a Espanha

Futebol rendilhado e ofensivo como em 1984 numa equipa à FC Porto. Os títulos jovens que se perderam no caminho dos interesses do “chefe”. E o avanço dos espanhóis em cuja realidade os dragões infelizmente não podem competir

Já muitas vezes se aludiu, aqui e noutros fóruns, à faculdade técnica-profissional e uma habilitação competitiva intrínseca de o FC Porto poder competir na Liga espanhola. Dizemo-lo por brincadeira, porque é irrealizável (FIFA não o permite nos seus regulamentos, tout court), mas somando todos os factores, constatando a mediocridade cá da terrinha e a mentalidade saloia arreigadas pelo menos por mais uma geração, o FC Porto jogar em Espanha passou a representar como um paradigma da seriedade e capacidade futebolísticas em campo a par do que melhor se faz na Liga vizinha.

Vem a propósito do fantástico triunfo espanhol no Euro-2008, aquele onde Portugal foi o pior dos vencedores de grupo (não ganhou todos os seus jogos) e o pior dos eliminados nos quartos-de-final (único que não resistiu até ao prolongamento e só em cima da hora pôde aspirar a empatar e forçar os 30 minutos suplementares).

Excessos do parolismo alegadamente patriótico
O parolismo nacional ressaltou, de novo: a bandeira à janela; os adereços do Modelo aos ombros dos consumidores de ocasião que se lembram de festa quando o rei faz anos e aderem ao futebol porque, subitamente, o hino lhes cria pele de galinha; o cérebro desta sem distinguir um adereço nacional com outro patrocinado pelo BES num cantinho do vermelho reservado a publicidade; the last but not the least, a já famosa bandeira invertida, com o vermelho à esquerda (por “dentro” ou do avesso) – tudo no rol das parvoíces do costume: os jogadores acharem-se os melhores do mundo e um deles dizer que “não tenho de provar nada a ninguém”; o treinador voltar a fazer a sua selecção sem critério técnico perceptível e muito menos percepção táctica do conjunto onde um dado convocado pode ser inserido; a Imprensa do regime bajular; os cronistas de serviço não renegarem a oportunidade profissional de assinalarem a hora da saída do autocarro do hotel, do estádio, do aeroporto; os celebérrimos treinos a pagar pelos emigrantes.

Uma excursão à portuguesa, com certeza, à qual não faltou, após duas vitórias, o famoso “senhor chófer, por favor, carregue mais no acelerador!”. Até se perceber que o condutor perdeu-se no caminho porque não sabia que rumo tomar nem ler uma carta de estradas.

Ganhou, e de que maneira, a Espanha jogando, como eles dizem, “de puta madre”. Estou certo, agora, que muitos amigos meus espanhóis já deixaram para os portugueses a sua máxima de “jugamos como nunca, perdemos como siempre”.

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