A Rússia, com características de futebol italiano, segurou o cronómetro e uma vantagem sobre Portugal, alcançada aos seis minutos de jogo num lance fortuito. Portugal jogou, controlou, sufocou, mas não marcou, e sai da Rússia vergado a uma derrota injusta. Pragmatismo, estratégia defensiva e eficácia ditam o resultado final e colocam os russos no topo do grupo F, isolados e com nove pontos.
Seis jogadores do Zenit no 11 inicial, três do CSKA Moskva. Quer queiramos quer não, Fabio Capello teve uma tarefa mais facilitada. Além de os seus jogadores já estarem mais habituados à baixa temperatura e ao relvado artificial, o técnico italiano ainda contava com a vantagem de meia equipa já se conhecer e jogar junta, o que em termos de entrosamento é mais do que facilitador.
Paulo Bento não contou com as mesmas ajudas, apesar de as previsões iniciais serem piores. Pepe e Ronaldo acabaram por jogar de início, ficando de fora apenas Raúl Meireles, que ontem havia abandonado o treino mais cedo, por lesão.
Em 20 minutos, no entanto, o cenário gelou mais ainda que os 3º que se faziam sentir em Moscovo: aos seis a Rússia colocou-se na frente do marcador e aos 20 Fábio Coentrão saiu lesionado, obrigando Paulo Bento a remendar a lateral-esquerda com Miguel Lopes.
Não foi por aí, no entanto, que o sofrimento surgiu. Menos ainda pelo que a Rússia fez, que foi, diga-se, muito pouco. Foi mais pelo que Portugal não marcou, filme já visto. Aí é que as mãos foram à cabeça.
Ataca, ataca, sofre e não marca
Portugal mandou no jogo. Mas isto não quer dizer que não tenha sofrido a bom sofrer, mais, muito mais pelos falhanços do que pelos sustos, subido como se impunha depois de estar em desvantagem desde o minuto seis. Nem os russos contavam com aquele lance, até o público se surpreendeu. Rúben Micael perdeu a bola numa transição, Pepe e Bruno Alves falharam no diálogo e Aleksandr Kerzhakov só teve que encostar.
Murro no estômago que não afetou a turma lusa. Se Paulo Bento havia dito que, mesmo em momentos adversos, a equipa tinha que fazer aquilo que treina, foi exatamente isso que aconteceu.
Em cima da Rússia, ofensiva, organizada, num jogo de sentido único - a baliza de Igor Akinfeev – a equipa das quinas tentou, tentou, e a prová-lo surgiam os 63 por cento de posse de bola ao intervalo.
Primeiro foi Postiga, de cabeça, que atirou por cima da barra, depois foi Bruno Alves, do alto da sua capacidade de impulsão, obrigando Akinfeev àquela que terá sido mesmo a melhor defesa da partida.
Principais estrelas da seleção preparadas para o embate com a Irlanda do Norte.
Da Rússia nada, apenas vontade nos contra-ataques e nada mais que isso, com inteligência, todos atrás da linha da bola e a provar aquilo que os portugueses já sabiam: Portugal tem melhor seleção, individual e coletivamente.
O sufoco do segundo tempo
Mais do mesmo. Portugal aumentou a posse de bola, o domínio, a circulação, instalando-se no meio-campo ofensivo e apertando os russos sem tréguas nem pausas.
Primeiro Ronaldo, depois Micael, Nani também tentou. A equipa portuguesa, balanceada para o ataque, chegou a sufocar a turma russa mas o golo não saía.
A injustiça do cronómetro que não parava, dos russos que mais pareciam italianos a defender – Capello ensinou-os tão bem – e do golo que não surgia pesavam sobre as cabeças dos internacionais portugueses, que jogavam em meio-campo apenas, o seu ofensivo, e justificavam, desde o primeiro tempo, muito mais do que um golo.
Na segunda parte só dois lances merecem destaque da Rússia, ambos fruto de uma equipa que explora bem o contra-ataque e aproveita as mangas arregaçadas com que Portugal jogava, subido no terreno procurando o golo.
Denis Glushakov recebeu de costas à entrada da área, rodou e rematou rasteiro para uma defesa apertada de Rui Patrício, o mesmo, Santo Patrício, que defendeu aos 82 um remate forte à entrada da área de Aleksander Kokorin.
Daí até ao apito final do húngaro Viktor Kassai, mais cedo que o previsto, foi uma repetição do filme que já vimos. A Rússia jogou com o relógio, segurou a vantagem e garantiu os três pontos e a liderança isolada deste grupo de qualificação.
Fica, no entanto, uma certeza: Portugal é superior, joga melhor e é claramente favorito na qualificação para o Mundial 2014.
Na terça-feira há mais, no Dragão, contra a Irlanda do Norte, e com duas dúvidas importantes: Fábio Coentrão e Raúl Meireles.
1 comentário:
Temos de acreditar...
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